Porém, quem hoje brilha na música também ja foi ajudado um dia: em 2007, João Bosco & Vinicius gravaram ao lado de Cesar Menotti & Fabiano a canção “Eu Vou Doar o Meu Coração”, praticamente uma continuação da música Leilão, cantada pelos mineiros e que explodia em sucesso por todo o país. Um pouco mais tarde, em 2009, já estabilizados e no topo das paradas por conta do grande sucesso de “Chora me Liga”, João Bosco & Vinicius colaboraram com Michel Teló na música ” Ei Psiu, Beijo me Liga” e ajudaram a alavancar a carreira do ex-Tradição.
Mas a regra nem sempre é a mesma para todos: Em 2009, quando gravaram seu primeiro CD em Campo Grande, Maria Cecília & Rodolfo tinham como padrinhos Marco Aurélio & Paulo Sérgio, autores da música “Você de Volta”. Marco Aurélio & Paulo Sérgio já eram conhecidos em sua região e começavam a despontar para o sucesso em todo o centro-oeste. Hoje, pouco mais de 3 anos após o registro, Maria Cecília & Rododolfo tem um nome infinitamente mais conhecido do que o dos padrinhos campograndenses. No ano de 1998 foi a vez de Guilherme & Santiago, a dupla não gravou música com a participação de Sérgio Reis, mas foi levada ao Domingão do Faustão pelo cantor e hoje goza de tanto reconhecimento quanto o mestre.
Contudo, este tipo de ajuda só vai servir para dar um “start” na carreira da dupla, ela não vai servir para consagrá-lo. Se manter no sucesso depois, sem a participação do padrinho é uma outra história. Emendar um sucesso a outro depende de vários fatores que nem sempre são cuidadosamente observados pela produção do artista. Nestes casos, o mais importante é sem dúvidas a escolha da música que vai dar a continuidade ao sucesso e manter o nome em evidência. A escolha errada da canção pode ser um tiro de misericórdia no futuro de um artista em ascensão.
Situação que viveu Lucas & Luan em 2010, depois de ver seu nome chegar ao topo das paradas com a música “Pense em Mim”, fruto da parceria com Jorge & Mateus, a dupla não foi feliz na escolha da música substituta. “Pondera” patinou e agora, quase um ano depois os irmãos ainda batalham para firmar o nome que vinha embalado e forte na época do sucesso. Problema esse que não viveu Gusttavo Lima, depois de brilhar com “Inventor dos Amores”, Gusttavo emendou “Rosas, Versos e Vinhos” e “Cor de Ouro” e agora vê seu nome se consolidar em todo o Brasil.
Há ainda artistas que não usam suas carreiras para promover iniciantes, como é o caso de Victor & Léo e Luan Santana. Apesar de ceder suas composições para outros intérpretes, a dupla mineira só participou até agora da gravação do DVD da “estreante” Paula Fernandes e dos veteranos Sérgio Reis e Renato Teixeira (pelo menos que eu me lembre). Já Luan Santana nunca gravou ao lado de um artista sertanejo em início de carreira.
Por último mas não menos importante, existe o padrinho oportunista, que é aquele cara que tem um nomezinho e usa-o para ganhar alguma grana às custas dos outros, como é o caso do cantor Latino. Depois de gravar com quase uma dúzia de artistas sertanejos e sem conseguir promover nenhum, Latino, que nunca teve afinidade com a música sertaneja, volta agora seu foco para a galera do nordeste, gravando em parceira com grupos de forró e de pagode baiano. Diferentemente da música sertaneja, quem sabe dessa vez o seu “apadrinhamento” consiga ajudar alguém que não seja ele mesmo.
A prática de gravar com gente nova em si não é um problema, muito pelo contrário, tem sido uma grande oportunidade para ajudar gente de talento a mostrar “a cara”. Mas como todo o recurso precisa ser usado com moderação, para, ao invés de promover o novo, não acabar desgastando o padrinho. Porque, por mais dificil que pareça, muita exposição desgata até as mais sólidas estruturas, e isso vale também para a música sertaneja.
*Crédito das fotos: Leandro Maldonado
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